[Grande jornada de luta, sábado, 7 de maio, em Notre Dame des Landes, ao norte de Nantes, pelo acesso à terra, contra o aeroporto e o seu mundo!]
Por espaços insurretos, ocupemos as terras!
Durante quarenta anos, os políticos e os construtores/empreiteiros alimentaram a idéia e prepararam o terreno para a construção de um novo aeroporto próximo de Nantes, com vista à satisfação dos seus vorazes sonhos de metrópole e de expansão econômica, numa área correspondente a 1650 hectares de terras agrícolas e pequenos povoados, chamado ZAD (Zona de Desenvolvimento Reduzido, dito doutro modo Zona a eliminar). O projeto do aeroporto de Notre Dame des Landes, que deveria ser enquadrado como um delírio obsoleto, está sendo adaptado para tornar-se um exemplo gritante do “capitalismo verde” e da sua arrogância ideológica.
A luta contra o aeroporto encontra-se num ponto de virada com a assinatura em janeiro deste ano do contrato de construção e de exploração com a Vinci, empresa francesa líder mundial na prestação de serviços nas áreas da Construção Civil e Obras Públicas. A ofensiva propagandística em todas as direções é reforçada para justificar um projeto em relação ao qual os responsáveis têm a noção clara da sua fragilidade. Apesar da edificação das obras para os próximos anos, sabemos que esta luta pode ser ganha e estamos nos preparando para que toda a tentativa de construção seja barrada e lhes saia cara. Os exemplos das vitórias obtidas na região no passado, contra os projetos nucleares de Plogoff, de Carnet ou de Pellerin, revelam que as obras, mesmo as mais megalomaníacas, podem ser bloqueadas se a determinação for suficiente e se forem utilizados os meios adequados.
Paralelamente, existiram numerosas ações em apoio às lutas dos agricultores e agricultoras e outros habitantes que resistiam, de tempos a tempos houve a necessidade de repetir passo a passo todas as lutas e, após dois anos, as casas e terrenos foram requisitadas pelos empreiteiros do aeroporto.
Construiu-se uma base de resistência nas ZAD: cabanas nas árvores e no solo, jardins, casas reabilitadas, espaços de reunião e de trabalho, mas também uma padaria, um alojamento, uma biblioteca e um atelier de produção gráfica. Atualmente, contamos já com cerca de sessenta novos habitantes na ZAD, repartidos por cerca de uma quinzena de espaços.
Integrada nesta dinâmica a manifestação de 7 de maio visa a instalação coletiva de um projeto agrícola em terrenos baldios para defender essas terras, viver aí e contribuir para a alimentação da ZAD e seus arredores.
Esta iniciativa é fruto do encontro entre Reclaim The Fields, rede européia de agricultores e de sem terra, e dos ocupantes da ZAD. Destina-se a todos e a todas aqueles e aquelas que lutam para que a agricultura tenha futuro, que participam há longo tempo na resistência local e não querem renunciar e a quem quiser aderir à luta atualmente. Convidamos todos e todas para que este 7 de maio seja um momento de ação coletiva, de encontro e de festa, e propomos ficar nos dias seguintes para reforçar a instalação da ZAD.
Pelo acesso à terra!
Numerosos agricultores e agricultoras procuram cultivar a terra numa lógica crítica a uma indústria agro-alimentar, sinônimo de exploração econômica globalizada, de destruições ambientais e de formatação da gestão da sociedade. E encontram e têm de fazer em face de numerosos obstáculos. Um dos maiores problemas é a dificuldade de acessar a terra, fazer construção, do estrangulamento dos pequenos espaços agrícolas, da política de constante expansão das explorações agrícolas existentes.
De vez em quando indivíduos ou coletivos, principalmente na cidade, pretendem encontrar meios de se alimentar em bases locais e de trocas diretas ou produzirem uma parte da sua alimentação. Este processo encontra-se também bloqueado pelas políticas agrícolas, pelas formas atuais de urbanização e de concentração de terras.
Há um conjunto substancial de terras agrícolas na ZAD. Apesar das iniciativas realizadas ao longo de décadas para manter o seu uso, algumas estão transformadas em terrenos baldios, outras podem ter sido expropriadas, e ameaçam as existentes de que o arrendamento rural pode não ser renovado por causa do andamento dos trabalhos. Todas serão perdidas se o projeto do aeroporto chegar ao seu termo.
A iniciativa do 7 de maio constitui uma etapa na construção de um movimento mais amplo para libertar as terras..
Contra o aeroporto e o seu mundo!
A luta contra o aeroporto de Notre Dame é uma luta que envolve as questões que nos unem, o cruzamento das problemáticas e pensar estratégias comuns. Através desta luta, combatemos a alimentação condicionada, a sociedade industrial e o aquecimento climático, as políticas de desenvolvimento econômico e de controle do território, as megacidades e a normalização de formas de viver, a privatização do comum, o mito do crescimento e a ilusão de participação democrática…
Agora que as preliminares de construção se intensificaram, é necessário dar um novo fôlego a esta luta, que se opõe diretamente às perfurações, prospecções, inquéritos públicos, eventuais expulsões, aumentando a pressão sobre os responsáveis e decisores, assim como sobre as companhias ligadas ao projeto, e ainda criando momentos de ações coletivas de massas. A ocupação da ZAD é um das mais importantes entre todas as luta contra o aeroporto. Estas formas de ocupação de uma zona ameaçada permitem ligar construção e resistência. Elas conjugam experiências de vida e de produção e uma dinâmica ofensiva ao mesmo tempo que bloqueia eficazmente o avanço das obras do aeroporto.
O aeroporto não passará!
Não permitiremos que se construa!
Tradução > Liberdade à Solta
|