*PAGAN – «Plataforma Anti-Guerra, Anti-NATO» (um grupo anti-capitalista e
anti-autoritário )
1. O ano de 2011 iniciou-se com manifestações populares contra os regimes
ditatoriais no Médio Oriente e no Norte de África; regimes, aliás, com
conhecidas conivências com os poderes ocidentais. A ausência de democracia
e o aumento dos preços dos bens alimentares têm tido um papel importante
naquelas manifestações;


2. Contrariamente ao acontecido na Tunísia e no Egipto, a contestação na
Líbia revestiu a forma de revolta armada, com a presença de interferências
e apoios ocidentais, que subestimaram as capacidades de reacção de
Kadhafi, no poder desde 1969 e só recentemente “descoberto” como ditador
demente e sanguinário. Tal como aconteceu com Ben Ali ou Mubarak;


3. A Líbia é responsável por 2.2% da produção de petróleo mas detém 3.5%
das reservas mundiais, as maiores da África; quanto ao gás produz 0.5% mas
tem 0.8% das reservas. Acresce que a Líbia é um dos principais
fornecedores da Europa, particularmente do Sul (24% do abastecimento
italiano e 9/11% dos restantes) e que, sendo os recursos energéticos
pertencentes a uma companhia estatal, aguçam a cobiça das multinacionais;


4. Nesse quadro, o CS da ONU, por proposta ocidental, declara que os
estados-membros “ajam a título individual ou no quadro de organismos ou
arranjos regionais … para tomarem as medidas necessárias… para proteger as
populações e zonas civis ameaçadas de ser atacadas… excluindo totalmente a
deslocação de uma força de ocupação estrangeira sob qualquer forma“.
Cremos que a invasão se seguirá sob qualquer pretexto, com ou sem o aval
da ONU;


5. Rapidamente, o dispositivo militar ocidental, unificado em torno do
Pentágono, com o apoio da peonagem francesa e inglesa, corresponde à sua
própria iniciativa diplomática no seio da ONU e começa a bombardear a
Líbia, gerando mais uma forma de incentivar o ressentimento do mundo
islâmico contra os países da UE e contra a suserania norte-americana;


6. Porém, no Bahrain, a violência do governo sobre manifestantes
desarmados, com o apoio de tropas do Conselho de Cooperação do Golfo
(filial do Pentágono/Nato) não tornou proscrito o monarca; no Iémen, a
intervenção brutal sobre os manifestantes por parte do governo, não atrai
a animosidade dos ocidentais; e na Palestina ou em Gaza, particularmente,
desenrola-se uma violência quotidiana, atropelos aos mais elementares
direitos humanos, sob o olhar distraído da UE e dos EUA. Porquê? Porque no
Bahrain está sediado o comando militar dos EUA para a região do Golfo;
porque no Iémen, al Saleh é um elemento próximo dos EUA, interessado na
estabilidade em torno do Bab el-Mandeb; e Israel é objecto da tolerância
infinita dos ocidentais. Será que o CS vai alargar a sua actuação punitiva
a estes países, assumindo a defesa das suas populações contra regimes
ditatoriais e repressivos?


7. A PAGAN não aceita intervenções militares entre países soberanos e a
ingerência nos assuntos internos de cada Estado, remetendo para os
próprios povos a única legitimidade de decidir sobre as suas formas de
governo e de gerir conflitos;


8. A PAGAN recusa aos EUA e aos países da UE, individualmente ou em
conjunto, o direito de se arrogarem ao papel de zeladores da “ordem”
internacional ou internos em todo o mundo. Sobretudo através de
intervenções armadas que provocam mais desordem que paz e desenvolvimento,
como se vê no Afeganistão, no Iraque, no Kosovo…


9. A PAGAN denuncia e recusa todas as atitudes dos governos europeus
conducentes ao aumento da animosidade dos países muçulmanos contra as
atitudes neocoloniais dos EUA e da UE;


10. E incita todas as pessoas e organizações sociais para a necessidade de
redução das desigualdades e para o aumento da democracia na bacia do
Mediterrâneo;
Fim imediato da intervenção militar ocidental na Líbia!


20 de Março de 2011




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