Texto publicado no jornal anarquista Ápatris e na página web contrainformativa de Creta candiaalternativa.info, sobre a espoliação, a superexploração e a consequente destruição dos ecossistemas de ilhas e continente pelo Capital multinacional, sob o pretexto do desenvolvimento e da chamada “energia verde”.
“A aplicação generalizada das chamadas tecnologias verdes ou amigáveis com o meio ambiente será a nova revolução tecnológica que irá conduzir a uma nova fase de desenvolvimento econômico do capitalismo”.
Ultimamente, sobretudo após a assinatura do memorando em 28 e 29 de junho, onde o potencial produtivo da Grécia foi entregue a vários investidores para uma exploração selvagem e sem condições (votação da nova Lei de Investimentos com o processo fast track), observamos uma grande mobilidade no setor da produção de energia.
Se olharmos para os planos dos agentes mais dinâmicos do capital, observaremos que o ponto crítico levantado são as chamadas fontes renováveis de energia, também conhecido como o “desenvolvimento verde”. Este campo de investimento é muito lucrativo, bem como neurálgico, já que os investidores podem adquirir bens imóveis públicos e privados quase de graça, obter financiamentos enormes para a produção de energia verde, não são limitados por restrições ambientais e desfrutam de preços privilegiados para seu produto, e o melhor, a taxa de imposto paga ao Estado é de 3%, no melhor dos casos.
Com base nesses termos comerciais bastante favoráveis, os gigantes da energia locais e estrangeiros têm se lançado sobre a chamada Grécia quebrada. Aproveitando ao máximo da confusão criada com o termo energia verde-amigável com o meio ambiente, nas mentes dos mal informados, colam ecologia algumas empresas que são responsáveis por inúmeros crimes contra o meio ambiente (ver BP, EDF, Companhia de Eletricidade Grega, etc.).
Creta, como muitas outras regiões da Grécia, é o foco dos especuladores, que tratam o vasto potencial eólico e solar como uma oportunidade de primeira classe para enriquecimento. A Entidade Reguladora para a Energia (PAE sua sigla em grego) emitiu, de acordo com as informações que temos, licenças (permissões) para produção de energia a partir de um total de 3,5 Gwatt apenas para Creta! O que isso significa? Considere que a ilha precisa durante os períodos de consumo excessivo (ou seja, no verão) cerca de 700 MW, ou seja, nem mesmo a terceira parte.            Claro, as instalações estão localizadas em áreas “virgens” do sul da ilha, longe das cidades de estância turística, já abrindo a costa norte.
A energia excedente produzida será transportada, por um cabo submarino, das ilhas para o continente, onde será introduzido na rede de alta tensão, e então dali para ser exportada, principalmente, para países da Europa Central, especificamente a Alemanha, que está tentando se distanciar da produção de energia nuclear. Esta é a razão que, por trás do grande investimento como o projeto “Helios” (Sol) (instalações 10.000 GW em uma área de 20.000 hectares), encontramos a indústria alemã de fontes de energia renováveis. É por isso que, em outubro, recebemos a visita por dois dias do Ministro da Economia da Alemanha Philipp Rösler, que foi acompanhado por empresários alemães, especialmente do setor de energia solar.
Quanto ao Capital local, os protagonistas são a nata da indústria da construção, ou seja, todos aqueles que estão expoliando o país há anos e embolsando vários milhares de milhões: Bóbolas, Copeluzos, Peristeris, Kambás, a Companhia de Eletricidade Grega e assim por diante.
Desenvolvimento significa terra queimada
Os moradores de várias regiões em Eubea e Andros já provaram algo de investimentos semelhantes. A pilhagem e a destruição são óbvias e tangíveis. A questão não diz respeito apenas aos sensíveis ambientalmente ou aos residentes de áreas afetadas, mas é uma questão com muitas implicações sociais, bem como perspectivas importantes de luta, a luta pela terra e liberdade, que se não dirigida contra determinados interesses específicos, se autolimita a uma retórica abstrata. É imperativo não permitir mais uma derrota (como a em Apopigadi de Canea, Creta, onde poucos habitantes tiveram uma luta muito decente, mas desigual), mas sim vitórias como a de Keratea, cuja luta deixou um precioso legado, que quando há vontade, espírito de luta, combatividade e unidade, nenhum contratante pode ser imposto.
Além do campo da resistência
Em tempos em que toda a sociedade espera o prazo do empréstimo trimestral do BCE e do FMI para sobreviver, é imperativo que comecemos a promover e implementar o conceito de autossuficiência. Estamos escravizados porque somos dependentes do sistema. Nossa autossuficiência em energia, habitação e comida é um passo essencial rumo à liberdade. É nosso dever supremo para defender a riqueza dos recursos naturais, de modo que eles estejam em nossas mãos. Devemos entender que essa riqueza é nossa e se pudéssemos controlá-la poderíamos torna-la disponível nos setores que dela necessitam (Saúde, Educação, Assistência Social, etc.). A terra, o vento, o sol, o mar, nos podem garantir uma vida decente. Se não respeitá-los e não protegê-los, se deixamos que sejam explorados por empresas multinacionais e empresários, então assinamos a nossa condenação e das próximas gerações.
Tomamos a posição de luta, pois, pela a terra, a dignidade, a liberdade..
agência de notícias anarquistas-ana
Bolha de sabão
Colorida e redondinha
Dança pelo ar.
Vittória Emanuelle Oliveira